Tenho o peito cravejado
de espinhos
E as minhas mãos trespassadas
pelas chagasPedaços de memórias queimadas
Rosas manchadas de sangue cobrem o caminho...
Deixei no ar o teu cheiro a cravo
Não aguentava mais o aroma doce das rosas
Recordavam-me velhas prosas
Noites passadas em claro, fios de outras modas.
Tento ler-te o pensamento à luz de velas
Mas o sangue grita nas minhas veias
Não me deixa ouvir o bater do teu coração
Nem colorir as teias da própria ilusão.
Sinto o chão desabar debaixo dos pés
Falta pouco para perder o chão
Mas não vou rastejar no meu perdão
Já me redimi outras vezes
Mas desta vez não.
Não posso resgatar o que é meu
Se todas as rosas o vento levou
Deixou apenas pétalas de sangue tingidas
Entregues às brisas fingidas
O resto no tempo voou.
Não me peças para descobrir as tuas trevas
Se no fim é o meu mundo que levas
Deixando um rasto de perfume no ar
Aquela velha recordação a fazer-me chorar
A verdade está escondida nos teus olhos
Mas mentira aveluda o toque dos teus dedos
As palavras doces rasgam todos os teus segredos
E no fim já só sobraram os medos.
Mantos de orgulho não calam a dor
Chamas de fé não acendem a vida
É preciso mais, é preciso acrescentar valor
É preciso sarar as feridas…
Mas o meu peito contínua desesperado
Bramindo ao som da mesma melodia
Sentindo o mesmo perfume,
Algo em nós deixou de ser sagrado
Sobrou o queixume