Não é segredo para ninguém que eu devoro livros ( literalmente)... então, achei por bem partilhar aqui no blog algumas das minhas experiências e opiniões a respeito disso. Não tenho um perfil de leitora muito padronizado, leio de tudo um pouco mas claro está que tenho lá as minhas manias e uma certa preferência por temáticas "profundas" ainda que volta e meia me apeteça ler só mesmo para me abstrair do universo físico, sem ter que me preocupar com a mensagem ou com a ideia de que determinado livro "vai mudar a minha vida"... ler por vezes é assim, quando não nos muda a vida, muda-nos a forma como passamos por ela ou como pensamos nela... enfim, vamos lá falar de livros e deixar a conversa fiada de lado.
E depois de ler tanta noticia, tanta review e tanto falatório a respeito do senhor que alegadamente seria "O escritor do momento" lá fui eu tirar as minhas próprias conclusões... Como? Lendo a obra, claro está.
Para começar tenho a dizer que YA ( young/adult) são sempre fáceis de ler, por terem uma linguagem leve e fluída precisamente para cativar o seu publico alvo... a juventude que se está quiçá a descobrir como leitor. E nesta parte tenho que tirar o chapéu ao John... ( permitam-me que o trate por tu hehehe), li 3 dos seus mais vendidos livros e todos revelaram a mesma escrita fluída e leve como seria de esperar no género.
falando agora das temáticas abordadas nos livros...
Não é difícil de imaginar que livros para jovem falem dos problemas de se ser jovem e da montanha de mudanças que acontecem na vida de um suposto jovem... seja ele real, inspirado ou totalmente ficcionado.
E sim, ao depararmos com o tema pensamos logo naquele típico cenário desenhado para series juvenis... o típico triângulo amoroso, os dramas da adolescência, aquele miúdo/a que não é aceite pelo grupo, o tipo que sonha demais, e por ai vai... John Green foge ao cliché?
Digamos que, não fugindo ao assunto tipicamente usado e abusado por outros autores, ele criou o seu próprio perfil enquanto escritor. Talvez até se denotem muitas semelhanças entre os 3 livros que eu li... alguns diriam até que se trata da tal formula de que alguns escritores se fazem valer para escreverem sempre " enredos que vendem" ... pode parecer pretensioso e "desonesto para com os leitores mais audazes mas já dizia o velhinho ditado "em equipa que ganha não se mexe" ... e realmente embora eu concorde em parte com a tal ideia de "formula", não me sinto "ultrajada" enquanto leitora.
O que se pode dizer a respeito da dita "formula"?... bem, digamos que a base comum é o rapaz simples e menos popular, aquele rapaz que podia ser qualquer adolescente comum, sem nenhuma característica espectacular... se apaixona pela gaja mais surpreendente, irreverente, linda e fantástica da escola... e o que torna estas historias diferentes de outras já conhecidas?... é precisamente a não existência de um "e viveram felizes para sempre". mais um ponto a favor do John. A humanização das historias é para mim o ponto mais relevante na estratégia do autor. Em todas os 3 livros que li há momentos para rir, para chorar e para aprender algo com todos eles... umas mais profundas que outras. Mas devo dizer que ( e desculpem lá o spoiler) John Green gosta de "matar" os seus personagens para ensinar ao seu publico alvo que a vida está longe de ser um conto de fadas porém, devemos ouvir o que a morte tem a dizer a respeito da partida daqueles que amamos... é duro, mas é uma lição necessária.
Em " À procura de Alaska" ( o meu preferido dos 3) uma pessoa quase deseja ser como Alaska ( e sim, Alaska é uma rapariga e não um estado como eu julgava no inicio).
Em "Cidades de papel" quase jurei que Margo era gémea de Alaska tal a semelhança de personalidades e depois tive a experiência " A culpa é das estrelas". Bem, Hazel só não é a "gaja mais popular do pedaço" porque está doente ( e juro que até meio do livro julguei que a historia teria outro rumo) mas se não estivesse aposto que seria... Assim como as empolgantes personagens femininas, também as personagens masculinas e os grupos de amigos ( geralmente o típico triângulo de amizade) são bastante semelhantes e os finais também. Em determinada altura das histórias, alguém morre e os restantes personagens tem de viver com isso. É duro folhear uma pagina e encontrar o "cadáver" da personagem preferida no capitulo seguinte mas "há males necessários"...
Resumindo:
" Á procura de Alaska" apesar de ser um livro leve deixa-nos algumas questões pertinentes à cerca da vida e da morte e do que esperamos que o labirinto de viver seja... e do quanto são importantes as ultimas palavras que deixamos de herança para aqueles que ficam. Um livro que surpreende pelo inesperado até à reflexão final.
"Cidades de papel" é um típico livro de adolescente sem grandes questões mas com alguma diversão à mistura, uma pequena road trip e um mistério pendente entre as linhas dos versos de Whiteman e o tamanho colossal de um mapa de lugares vazios. Tem o seu "Q" de original, devo dizer, apesar de não ter um final como eu imaginava.
" A culpa é das estrelas", talvez seja o mais famoso dos 3 mencionados, faz-nos lembrar que a doença também bate à porta da juventude, que a morte está sempre à espreita e que apesar disso apaixonar-se pode ser "um dos efeitos secundários de se estar a morrer". A história pode não ser das minhas preferidas mas tem lá os seus encantos... o que me desiludiu foi o final, a história não se sustenta depois da morte de uma das personagens principais. Esperava um final mais épico para a boa história que li. mas não se pode ter tudo não é?