quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pensamentos a retalho # 23: Deixar-se florir

Talvez o amor se compare às profundezas de um rio, alongando-se nas margens, até que a doçura das suas águas transborde.
Há quem diga que não passa de uma espada, bem afiada, que nos fere no mais íntimo dos desejos, até sangrar todos os sonhos que habitam a alma…
Livros ditam que seja uma fome, uma necessidade dolorosa que ninguém, jamais conseguirá cessar… um vento que vem de dentro, só pelo prazer de nos domar a vontade.
Eu digo que, o amor, não é senão uma flor, uma pequena semente feita de nós, do mais puro que almejamos ser, uma forma de natureza, mais divina que humana.

É, talvez, aquele coração receoso de quebrar, que nunca aprende a dançar a valsa dos ventos.
O sonho dos que não querem acordar, a promessa de um dever por cumprir que se levanta acima de todas as possibilidades, e que vence todas as batalhas.
Quase uma alma delicada, temendo o encontro com a morte, mas que se perde nas entranhas da vida, sem nunca aprender a viver…
Mas quando chega a frieza da noite e a estrada se mostra mais longa do que as jornadas amenas de sol, talvez se pense que amar é troféu unicamente para bravos e afortunados soldados…
Mas no fim, está sempre chega o impiedoso inverno, para nos lembrar que é sobre a amargura branca das neves mais geladas, que se encontram as sementes que, um dia, beijadas pelos cândidos dias de primavera, em rosas se hão-de tornar. E os espinhos lá estarão…para fazer valer cada pétala perfumada…cada lágrima sentenciada… porque amar não é se não deixar-se florir às mãos da vida.





sábado, 15 de fevereiro de 2014

Imaginarium #2


Imaginarium #1


Atravessar-(te)

Atravessei-te, como se atravessam mares. Uma verdadeira ironia do destino. E julgam os mais incautos não ser possível navegar-se em alma de gente. Não só em alma. Quando a alma toda se esvazia de pudores, todo o corpo transborda. E eu, tal como as águas bravias do leito de um rio, desaguei na ondulação do teu peito.
Atravessaste-me, como se atravessam tempestades. Com o mesmo toque arrebatador dos ventos e a mesma leveza da brisa, baloiçando nos meus cabelos. E quase te sinto renascer dentro de mim. E as minhas mãos adormeceram nas tuas... e quase morremos os dois.
Atravessaste-me e ficaste. Atravessei-te e permaneci. 



Poesia-me


Há toda uma poesia
que nasce, sempre que alguém
se derrama,
nos braços daquele que ama!



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Apenas um beijo...

Que outra poesia poderiam contar-me os teus lábios?
Muitas vezes os recitei, muitas vezes me deixei embalar por eles. 
O mesmo suspiro, sempre... em cada nova história,
em cada novo beijo.

Um abraço desmedido tanto na força, como na vontade
apenas o desespero, o capricho de não ser a ultima vez...
Ser a primeira!! Sempre a primeira, a derradeira vez,
entre muitas outras.

E nunca, nunca se perde o rasto de uma mão.
A minha sobre a tua, e ambas pairando sobre tudo o que podemos ser.
Embora não sejamos nada, sempre seremos tudo,
Enquanto o intervalo da vida assim o quiser...
Enquanto um beijo nos fizer durar!




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A despedida

Quantas lágrimas cabem numa despedida?
Só sei que as sinto.
Talvez sejam muitas, mas não mais que as alegrias de uma vida inteira.
Somos como flores plantadas num jardim e as nossas obras são a semente.
Pétalas perfumadas pelas muitas memórias e os sentimentos profundos nunca se esquecem.
Eles consolam-nos e dão cor à esperança de um reencontro, num lugar melhor.
 Talvez mais perto de Deus.
É por isso que aqui estamos hoje...
Colhemos as rosas do jardim que nos deixaste. Leva-as contigo. Elas carregam abraços de cada um de nós. Connosco ficam os teus sorrisos, para dar fruto.
O até já é inevitável mas, todos nós sabemos que enquanto existir luz, a tua semente vivera para sempre nos nossos corações. E então serás eterna... Como eterna será a saudade daqueles que te amam e que hoje choram por ti.