segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lágrimas



É no silêncio que as lágrimas formam rios
Correndo de encontro aos mares da alma
Sente-se apenas o murmúrio salgado
Ouve-se apenas um vazio desmedido
Sinais que arrancam do passado
Rumores de um orgulho ferido.

Não é que eu queira exumar a dor
Mas não se pode viver sem arejar o peito
Livrar-me de todas as mágoas em que me deito
 E acordar de novo de olhos enxutos
Prontos para viverem novos desgostos.

Por pior que seja o motivo
Ou maior que seja a razão
O triste não é chorar sem causa
 É deixar a ira invadir o coração

E no auge da raiva, da dor, do ciúme
É ficar preso e suspenso nas teias do queixume
Que esconde sempre a verdadeira causa da tristeza
Então, mesmo não querendo, chora-se de surpresa

Lágrimas são mais que gotas de água salgada
São espinhos, são veneno, são paixão
As vezes alegria, mais vezes solidão
São ondas que nascem no peito e banham o olhar
São pedaços de nós embrulhados na dor de amar

E no final resta apenas uma certeza
Chora-se mais a dor que a gentileza
Porque o que dói não é chorar
É querer chorar e não poder
É sentir as lágrimas e não as ter.

(Imagem do Google)


domingo, 25 de novembro de 2012

Ensaio sobre ti



Quando a luz do dia
Rasgar as entranhas do céu
E tocar cada pedacinho de terra
Como quem toca a mais bela das melodias
De mansinho, nota por nota, flor por flor
Se evaporam as trevas e nasce o amor.

Quando as gotas de orvalho
Saciarem a sede do chão
E enfeitarem cada pétala de rosa bravia
Brilhando como diamantes
Formando colares de magia
Suspensos em teias de vaidade
Tecidas com todo o cuidado
Que só tem quem já foi amado.

Quando o galopar das horas
Fizer chegar o meio-dia
E o tempo se perder nas sombras da tarde
Pintando uma nova tela nas nuvens
Com rabiscos cor de fogo
Que incendeiam todo o horizonte
Embalados pelo vento
E se perdem no momento.

Quando a lua se erguer novamente no céu
E um manto de estrelas cobrir
Os medos da noite gelada
Fechando todos os buracos negros
Abrindo caminho às estrelas cadentes
Espalhando pó de fantasia
Desejos soltos no ar
Voando de encontro às forças do acreditar.

Quando todo o mistério
Entre a terra e o céu
Não chegarem para esconder
Todos os medos
Calar todos sentimentos
E as palavras soarem mais alto
Que o canto dos pássaros
Ao romper da madrugada

Quando a ciência esgotar
Todas as teorias
E já não existirem leis para provar
Nem códigos para decifrar
E toda a matéria
Se resumir numa só força
Criando uma formula única

Quando a vida for mais
Que uma peça de teatro
Sem guião, nem lembrete
Cuja força dos argumentos
Se limita ao improviso
Em que as personagens
Sobem ao palco para errar
E se renderem aos aplausos

Quando tu fores mais que uma miragem
Quando tu fores mais que um conto para adormecer
Quando tu fores mais que um capricho meu
Quando eu te roubar os sonhos
Quando eu reinar em teu olhar
Quando eu for a luz do teu dia

Quando o tu e o eu se perderem no mesmo espaço
E as nossas histórias forem só uma
Resgatarei a experiência que um dia perdi
Ousando criar um ensaio sobre ti.

(Imagem do Google)





terça-feira, 20 de novembro de 2012

Meninos, Príncipes do nada



Ouvem-se as sirenes
Ecos perdidos
Que outrora foram alegria
E hoje são gemidos

Vagueiam pelas ruas
Almas sem rosto
Espelhos da desgraça
Reflectem a dureza de uma vida sem gosto

Crianças de infância perdida
Que procuram alento nos braços dos escombros
E saciam a fome no meio da poeira
Pinguinhos de gente sem eira nem beira
Sem sonho nem fronteira

O barulho das armas
Calou a suas memórias
Ceifou-lhes os pais
Entregou suas amarras à vida madrasta
Meu Deus, tanto sofrimento. Basta!

Difícil é ter uma mão vazia
E outra cheia de quase nada
Triste é caminhar na calçada fria
Descalço, beijando a madrugada.

Gritos soam como balas
Lágrimas queimam como o fogo
Mas já nada acalma seus pequenos corações
Que se aninham no colo do abismo
E adormecem de baixo das trevas.

Príncipes sem castelo
Habitam os jardins da amargura
Desvendam Caminhos devastados
Reinos dos senhores da guerra
Perderam a fé, os mal amados.

Mas ainda se vislumbra em seu olhar
Uma réstia de esperança
Notas de uma bem-aventurança
Um futuro para conciliar.

Seus tristes sorrisos ferem mais que a espada
Mendigam carinho
São 5 reis de gente, os homens do amanha
Trazem coragem em mãos pequeninas
Ontem crianças felizes, hoje príncipes do nada.


(Imagem do Google)



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ainda me tens

Roubaste-me um sonho
Entraste nele jurando não mais sair
Levaste-me o mundo
E sem aviso deixaste-me cair

Perdi as notas da tua voz
Teus braços me deixaram sem chão
Rasgaste-me a alma
E partiste meu coração

Ainda sinto o teu beijo
Queimar meus lábios
O toque dos teus dedos
Arrepiar-me a pele

Ainda vejo teu olhar
Perder-se no meu
Ainda tenho o pensamento
Agarrado ao teu

Cravaste tuas garras em mim
Fizeste-me tua prisioneira
Tiraste-me a luz, deste-me a noite
E abandonaste-me assim

Tento escapar deste vicio
Mas é mais forte que eu
Assombra-me dia e noite
Furta-me o céu.

Ainda sinto o teu beijo
Queimar meus lábios
O toque dos teus dedos
Arrepiar-me a pele

Ainda vejo teu olhar
Perder-se no meu
Ainda tenho o pensamento
Agarrado ao teu.

Ainda me tens...
Ainda me tens...
Ainda me tens...
Mas já não vens.


(Imagem do Google)




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pontes entre nós

Ouvi falar em distância.
Mas nunca me explicaram concretamente o que era.
Disseram que era o espaço percorrido
O tempo que já se perdera.

Não era desta distância que eu estava a falar
Existem outras distâncias
Que nem todos os mapas do mundo 
Poderiam representar.

Distâncias que paralisam
Que impedem os abraços
Mas mais ainda, 
Que deixam almas em pedaços

A presença não cessa por si só
A distância de uma ausência
Não é por se estar ao lado
Que se deixa de estar só.

Letras também curam distâncias
Palavras traçam caminhos
O diz que disse diário
O embalar da dança dos carinhos.

Procura-se o dar a mão
Aquele ombro amigo
O olhar de compreensão
Aquele silêncio que diz tudo.

Cumplicidades...
Coisas que passam despercebidas
Simples gestos espontâneos
Que alegram nossas vidas.

Distância física o tempo cura
Mas a distância da alma
Torna-se dura.
Cruz difícil de carregar.

Mas podemos quebrar barreiras
Unir todos os laços
Despertar a força dos abraços
Não deixar as almas sós
Criar pontes entre nós! 


(Imagem do Google)


domingo, 11 de novembro de 2012

Castanha de São Martinho

Espreitando do ouriço
Como donzela envergonhada
Esperando um cavaleiro
Desembainhar sua espada.


Uma vez despida
Seu destino é a fogueira
Acaba bem assadinha
Mesmo à minha beira.

Branca e quentinha
Minhas mãos a queimar
Já sinto na boca
O seu paladar!

Mente-me

Mente-me!
Omite a verdade
Se o que tens para me dar
São apenas doces mentiras.

Mente-me!
Diz-me que o sol não ilumina o dia
Nega que a lua brilha lá no céu
Podes dizer que o oceano não cheira a maresia
Que o canto das aves não se perdeu.

Mente-me!
Diz-me que o mar nunca beijou a praia
Que nunca provaste do seu sal
Ninguém navegou em suas ondas
Que não distingues o bem do mal.

Mente-me!

Podes até dizer
Que nunca saciaste a tua sede
Que nunca toquei tua alma
Que nunca te ardeu o peito...

Mas mesmo assim,
Jura com jeito
Não vá eu acreditar
Que as tuas mentiras são meias verdades
Que insistem em contar por pura maldade
Ou capricho talvez.

Insanidade momentânea
Que serve apenas para me testar
Por à prova as coisas que ambos fizemos
Ou ainda fazemos, por amor.
Ou serão rasgos de lucidez?

Peço-te, uma ultima vez
Abre-te! Não fugas à verdade
Sê sincero e tem a bondade...

Não tenhas medo de sentir
Se o que temes é perder a noção
Se o que sentes está gravado no coração
Não te atrevas a fingir.

Mas se ainda assim
Teimares em mentir
Desvenda tuas manhas para mim
Mostra o segredo que tens guardado
E que a tua maior mentira
Seja nunca teres me amado!



                                    (imagem do Google)




Não acreditas em mim?

Não acreditas em mim?
Então fecha os olhos
E ouve a canção do mar
Imagina ser marinheiro
Finge ser pirata
E descobre mil tesouros
Repletos de ouro e prata.

Não acreditas em mim?
Observa as gaivotas,
Vê como rasgam o céu
Embaladas plo vento.
Sonha voar como elas,
Deixa que a brisa te beije o rosto,
E mergulha no fogo do sol posto.

Não acreditas em mim?
Sente o aroma salgado das águas,
Ouve o murmúrio das ondas
Que sedentas de saudade 
Abraçam as areias da praia
E partem de novo para alto mar
Só para terem o prazer de regressar.

Não acreditas em mim?
Caminha no areal
Sente o chão fugir debaixo dos teus pés
Descobre que a areia que pisas
Outrora foi rocha
Que sucumbiu à fúria das marés!

Não acreditas em mim?
Abre os olhos,
Entrega-te aos braços do mar
Deixa que as suas águas te salguem a vida,
Permite que o vento te toque.
Aprende com ele a voar
Regressa com as ondas
As areias serão teu chão
E os céus nunca serão teu limite.

Agora que sabes o que é ter saudade,
Agora que conheces o dom da liberdade,
Eu pergunto:
Acreditas em mim?



                                 (imagem do google)

sábado, 10 de novembro de 2012

Chá de começo...

Desde que me lembro que tomo chá. 
Há algo nos chás que me atrai. Não sei se é o aroma, ou a historia que têm para contar, mas sei que gosto. Geralmente um chá quentinho nunca vem só, ora trás um amigo para conversar, ora me deixa a dividir pensamentos com os meus botões, ora perdida numa boa leitura. Talvez seja por isso que gosto tanto de chás. Na verdade nem sei dizer se prefiro chá ou se prefiro as letras. Ambos fazem um belo par. O chá aquece a alma e as letras abraçam a fantasia.