Não me olho mais no espelho sem vislumbrar o medo latente no
meu olhar. Aquela criatura que me encara de frente, que é capaz de me conhecer
e de me ignorar, persegue-me e perscruta todos os meus passos.
Fecho os olhos,
levo as mãos ao rosto tentado desvendar o próprio labirinto que me cobre a
pele. Haverá saída possível? Seremos nós próprios apenas aquilo que vemos no
espelho? Ou aquele ser que nos toca do outro lado, habita um mundo paralelo
onde escondemos tudo aquilo que queremos esconder?
Que realidade a nossa!
Trabalhamos o ser em função do que esperam de
nós e ousamos insinuar que somos livres… Puro engano!
A sociedade castra, a
sociedade reprime, a sociedade corta-nos as asas… Porém olhando-nos no espelho
podemos ver com olhos de ver, aquela identidade própria que somos apenas para
nós…o interminável labirinto, cheio de segredos, a transbordar de vontades e
acima de tudo, com sede de liberdade. A verdadeira intermitência da vida com
urgência em se conjugar na primeira pessoa.
Ser-se livre tem como preço a
loucura e talvez a solidão…E enquanto vivemos suspensos entre este mundo e o
outro, o nosso retrato apenas reflecte as ansiedades do outro lado do espelho.
Brutal Celia!
ResponderEliminarBeijo