quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

(entre parêntesis) # crónica nº 2


A máquina do tempo...

Coisas e mais coisas. Onde arranjo espaço para guardar tantas coisas? 
A culpa é das gavetas. Lugares fundos e discretos onde teimamos em guardar papeis, bugigangas e recordações. 

Ontem arrumei finalmente aquele gaveteiro que estava a evitar há algum tempo, precisamente porque sabia que ao abrir a última gaveta iria entrar na máquina do tempo. 
Lá tomei coragem e comecei. Uma por uma, limpei e arrumei primorosamente todas as 6 gavetas, restava apenas a última, a malfadada sétima gaveta. Costumo apelida-la carinhosamente de " caixa de Pandora", mas juro que não guardo lá todos os males do mundo. São apenas recordações de outras vidas. Sim, porque todos no passado tivemos outras vidas: uma vida enquanto crianças, uma vida enquanto adolescentes... bem, talvez a fase da adolescência seja tão conturbada que não nos permita viver, no lato sentido da palavra. Mas pronto, num acto de grande coragem, ( dito assim até parece mais heróico) e após uns quantos suspiros, lá abri a dita gaveta. E o que tenho eu dentro de tal gaveta que me cause tanto constrangimento em abri-la? 

Fotografias. É isso mesmo, fotografias. Aqueles quadradinhos de momentos que eternizamos em papel... e que momentos. No fundo até gosto de olhar para elas, dá-me aquela sensação de que vivi algo, algures com alguém e que apesar de tudo até gostei. Nem tudo tem de ser mau. As coisas boas têm o seu lado negro, assim com o negrume dos corações tem os seus rasgos de luz. E ainda dizem que não existem máquinas do tempo... eu acho que aquela visão futurista se resume apenas a uma malfadada gaveta cheia de pedaços de mim. 


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