sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sonhos Imperfeitos

De todas as vezes que me deito
Vejo-me no mesmo lugar
Vazio de tudo o que quero encontrar
Sem rumo, nem chão
Sem nada que as minhas mãos possam tocar.

Deixo o vento navegar-me na pele
Talvez um pouco de céu me acolha
Já que me falta a firmeza do chão debaixo dos pés
E debaixo da almofada adormece uma Terra do Nunca.
Num perpétuo nevoeiro feito de "Era uma vez"...

Dizem que nos contos de fadas
Todas as lágrimas são de alegria
Mas na Terra onde os castelos se fazem
De gotas de sonhos perfeitos
Somam-se os Pretéritos imperfeitos
E subtraem-se os desejos reprimidos.

Sonhos são espelhos perfeitos
Do quão imperfeita pode ser a realidade
Sempre que não a podemos alcançar
Com a extrema força que nos fez nascer.
Com a mesma fé,
Que nos ungiu o primeiro sopro de vida
Aclamando a vontade de gritar.

Nada seria mais perfeito que o sonho
Agarrado ao choro de uma criança
Impaciente, esperando acolher o futuro
Que alberga no peito, derramado sobre seus pés
Sem contas, nem medidas,
Sem historias de "Era uma Vez"...
Nascidas na dureza da insónia.

Porém uma vez, não são vezes
E as sem conta já foram repetidas e vorazes
Alimentando-se de sopros da alma
Lugar, onde descansam os estilhaços
Não se curam nem com mil abraços
Lá, escondidos na sombra,
Onde, hoje, jazem os sonhos imperfeitos.



(imagem do Google)



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