domingo, 3 de março de 2013

A última flor ...


Colhi a ultima flor 
E fiquei ali a admira-la
Foram apenas alguns instantes
Mas perdi o fio o tempo
E nem dei conta.

Costumo perder-me.
Embora só me perca nas coisas do coração
Aquelas que, mesmo simples
São capazes de nos arrancar sorrisos.

Era já fim de tarde
Sentia-se aquele carinho da brisa nocturna a chegar
Até as folhas das árvores começaram a bailar
Encantadas com tamanha suavidade...

Era capaz de parar o tempo e ficar ali
Tinha a tentação presa no sol poente
E o peito carregado de lembranças
Que me transportavam sempre ao mesmo lugar

Há lembranças que transbordam
Quando menos esperamos
Escorrem pelos olhos
Já não cabem dentro do coração.

Aquele lugar era mágico
Creio que a pedra em que me sentei 
Ainda se lembrava de mim, 
Ela notou a tua falta...
A velha árvore também.
Ainda tinha as nossas iniciais gravadas
Nem o rigor do inverno as apagou.

Mas eu não estava sozinha
Tu moras no meu peito
Acho que sempre moraste.
Haveria casa melhor?
Talvez... tu bateste a porta e deixaste-me só
Eu sou teimosa. 
Continuei a deixar tudo tal como deixaste...

Começou a chover,
Era estranho,
Foi como se as nuvens sentissem o mesmo que eu
Num instante todas elas choravam
Num choro abençoado pelo céu.

Era Deus a consolar-me
Era bom o colo da mãe natureza.
Então coloquei aquela ultima flor,
Já regada e ainda cheia de amor
A prender os meus cabelos
Num gesto carinhoso e demorado
Tal como tu costumavas fazer...
Levei as mão aos peito
Para segurar o coração
Não fosse ele cair
E despedaçar-se no chão.

A dor me conduziu até casa,
E lá sentado naquela pedra
Ficaste tu, no lugar de sempre
Onde um dia me deixaste. 



(Imagem do Google)

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