terça-feira, 12 de março de 2013

Outono cor de fogo... (conto # 1 )


 E dou por mim a pisar as folhas caídas. Amarelas, avermelhadas, cor de fogo, como um dia foi a nossa paixão. 

Olhando para aquela grande árvore, agora quase raquítica, com seus enormes ramos desnudados que quase tocavam o céu, sinto-me como se me olha-se no espelho... e as lágrimas salgam-me o rosto como o mar salga a areia da praia. Outrora, aquela árvore, exibia um lindo vestido de esperança, baloiçando ao sabor da brisa primaveril. Outrora, aquela árvore fora sombra de amor, abrigando em seus ramos um novo ciclo de vida. Nessa altura, as folhas da árvore rebentavam em força a cada beijo de sol e como se fosse milagre, brotaram centenas de pequenas flores, salpicando o traje verde de pequenos pontinhos rosados.
 A árvore parecia resplandecente de luz, orgulhosa da sua grandeza e a estação dos "amantes" deu lugar aos caprichos do rei Sol. Com muito amor, os raios de sol beijaram cada flor e aos poucos estas deram lugar a pequenos frutos... e o ciclo da vida seguia o seu caminho enquanto a árvore, cheia de alegria, estava convencida que aquele momento duraria para sempre. Mas o sol não perdoa, e, não tardou a tingir-lhe as folhas transformando o seu lindo vestido verde num manto cor de fogo. Então os pássaros que acolhia nos seus ramos partiram e as primeiras chuvas saciaram a sua sede... um novo ciclo se avizinhava. 
Caiu a noite e a árvore sentia algo diferentes, uma sensação que nunca sentira antes... era medo, era tristeza, era frio. Embalada pela brisa fresca acabou por adormecer. Quando a lua se apagou e deu lugar ao sol, a velha árvore acordou e, de olhos postos no chão, viu todo o seu manto cor de fogo cobrir as pedras da calçada. Estava nua. Restava apenas uma folhinha teimosa no alto de um ramo. Essa pequena folhinha chamava-se orgulho. E a árvore que julgava ser de folha persistente ficara sem folhas mas seguia orgulhosa pelos caminhos do Inverno até renascer às mãos da Primavera. 
Tal como a árvore, o amor brota em força e faz com que tudo floresça à sua volta, até que chega o "Verão" ... o sentimento amadurece mas por vezes não resiste ao cair das primeiras chuvas. Então os corações ficam desnudados como os ramos da velha árvore, esperando o chegar da próxima Primavera!
E assim ficou Luna, sentada os pés daquela árvore raquítica, enxugando as lágrimas e lavando a alma ao som dos pingos da chuva... deixando que suas memória se apagassem e ardessem no imenso manto de folhas cor de fogo!


(Imagem do Google)

2 comentários:

  1. No caso de nós seres humanos é um ciclo que incerto que nunca saberemos quando se inicia ou quando finaliza... Belas palavras ;)

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    1. a primavera da vida é sempre interminável... renova-se a cada estação da alma ;)

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